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Cascas de Arvores

Corantes naturais, de uma forma em geral, tem menor potencial tóxico e alergênico que os corantes sintéticos e tem sido […]

Corantes naturais, de uma forma em geral, tem menor potencial tóxico e alergênico que os corantes sintéticos e tem sido cada vez mais usado como uma alternativa menos impactante para o meio ambiente em relação ao tingimento têxtil. Sendo assim, fontes alternativas para a extração de corantes tem sido propostas e estudadas, e é o que este artigo , baseado nos estudos de Patricia Muniz dos Santos Silva, da USP, aborda. Trata-se de um resumo de seu artigo publicado , cuja fonte se encontra ao final do texto.

O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo e a flora mais rica em variedade de espécies, porém o seu uso permanece ainda subutilizado. Dentre os produtos úteis da flora, estão as cascas de árvore, que já são utilizadas no Brasil para a produção de fitoativos e taninos. Porém, as cascas também possuem potencial para a extração de corantes naturais para o tingimento têxtil, valorizando, assim, espécies nativas de cada região do país.

Diversas árvores podem fornecer corante natural a partir da casca. Dessas cascas é possível se obter variadas cores e com um estudo mais aprofundado, determinar novos processos de tingimento, como a alteração do pH do banho. Com o uso de mordentes, é possível ampliar a cartela de cores a serem obtidas. Os métodos de coleta de cascas de árvore podem ser diretos, como a poda de galhos, o corte das cascas do tronco e o corte da árvore; e indiretos, pela coleta da casca de galhos caídos naturalmente ou o aproveitamento do refugo da indústria madeireira.

Espécies de árvores nativas cuja casca pode ser utilizada como o tingimento têxtil.

Nome científico Nome popular Cor
Andiroba Carapa guianensis Aubl. andirova, andiroba-suruba, angirova, carapa e purga-de-santo-inácio,Marrom
Angico-vermelho Anadenanthera peregrina  angico, angico-vermelho, angico-preto, angico-do-campo, arapiraca, curupaí, angico-de-cascaMarrom
Aroeira Myracrodruon urundeuva Allemão aroeira, aroeira-preta, aroeira-do-sertão, uriunduba, aroeira-do-campo e aroeira-da-serra.Marrom e violeta
Barbatimão Stryphnodendron adstringens barba-de-timão, casca-da-virgindade ou barbatimãoVioleta e Vermelho
Buriti Mauritia flexuosa L.f. coqueiro buriti, buritizeiro, miriti, muriti, muritim,  muruti, palmeira-dos-brejos, carandá-guaçu e carandaí-guaçu.[1]Rosa
Cajueiro Anacardium occidentalecajueiro Marrom
Canjerana Cabralea canjerana cedro-canjeranaVermelho
Capa rosa Neea theifera Oerst. Caparosa-do-campo.Preto
Capitão Terminalia argentea Mart. Capitãocapitão-do-campo, pau-garrote.Azul
Copaíba Copaifera langsdorffii Desf. copaíba, copaibeira e pau-de-óleoAmarelo
Catuaba Eriotheca candolleana embiruçu, catuaba e catuaba-brancaMarrom
Goiabeira Psidium guajava L. araçá-guaçu, araçaíba, araçá-das-almas, araçá-mirim, araçauaçu, araçá-goiaba, goiaba, goiabeira-branca, goiabeira-vermelha, guaiaba, guaiava, guava, guiaba, mepera e pereira.Preto
Ipê-roxo Handroanthus heptaphyllus Ipêroxo, pau- d’arcoAmarelo
Jacarandá-do-cerrado Dalbergia miscolobium Benth. Jacarandá-do-cerrado, caviúna, jacarandá-caviúna.Preto
Jatobá Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Jatobájatobá-do-cerrado, jataí, jutaí.Marrom
Mamorana Pachira aquatica Aubl. munguba, castanhola, castanha-do-maranhão, carolina,paineira-de-cuba ,mamorana,falso cacau, cacau selvagem,guinea,castanha-d’água.Marrom e cinza
Murici-grande Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Douradinha-falsa, murici, murici-assú, murici-cascudo, murici-da-
-praia, muriri-do-campo, murici-grande, murici-guassú, orelha-de-burro, orelha-de-veado.
Marrom e cinza
Pacari Lafoensia pacari A.St.-Hil. mangaba brava, pacari e dedalAmarelo, esverdeado, pardo e preto
Pau-bosta Tachigali aurea Tul.Paubosta, Carvoeiro, borrão
Pinheiro-do-Paraná Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze araucária Marrom
Sangra d’água Croton urucurana Baill. Sangra-d’água, pau-de-sangue, sangue-de-dragão, urucurana, licurana. Vermelho

A coleta de cascas de árvores pode ser realizada de forma a não comprometer a árvore , selecionando as que estão em melhores condições, geralmente adultas, sem marcas de coleta recente ou fungos. Realizar a coleta após o período reprodutivo da árvore .

Também é possível utilizar os resíduos de indústrias madeireiras, onde essas cascas seriam descartadas.

Processos de tingimento:

Diferentes processos de tingimento são possíveis com o uso de cascas de árvores.

  • Tingimento realizado a quente, onde o substrato têxtil pode ser colocado juntamente com o vegetal durante a preparação do banho ou após ele estar pronto e coado
  • Decoada para a fixação da cor no substrato têxtil . Decoada é uma “solução obtida em ‘barrileiro’, vasilha de metal ou madeira, com fundo perfurado, que se enche de cinza de vegetais carbonizados. Colocando-se água pura sobre a cinza comprimida, o líquido destila, caindo em outra vasilha logo abaixo do barrileiro. Este líquido amarelo, carregado de substâncias químicas, solúveis na água que atravessou a cinza, é a decoada. É considerada fraca ou forte, conforme o vegetal que originou a cinza do barrileiro”

A proporção de 1 g de casca para 1 g de substrato têxtil se mostrou eficaz para o tingimento na cor mais escura possível. A extração da cor , feita na relação entre a massa de casca seca para o volume de água de 1:5, foi realizada a 80 °C durante 1 h, após as cascas ficarem imersas em água durante 24 h.

Fonte: https://www.researchgate.net/publication/322865510_Cascas_de_arvores_nativas_como_corante_natural_textil

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