Corantes Naturais : Porque alguns pigmentos funcionam e outros não ?
Quando comecei a descobrir o mundo do tingimento natural, achei que o mundo podia ser colorido com flores e frutas, com cores incríveis e que era só ir ali no jardim ou na cozinha, que aquela velha camiseta branca ganharia uma cara nova e colorida.
Um grande engano pela minha inocência e total ignorância no assunto, misturada aquela ingenuidade infantil de achar que aquela agua do feijão ou aquela flor rosa poderiam colorir o mundo…
Corantes naturais – Os vermelhos
Minhas primeiras decepções foram com as cores vermelhas. Tudo que eu coletava e tentava tingir, ficava marrom. Desde amoras, vinho, flores, folhas…nada ficava vermelho. Então e comecei a estudar, procurar e a luz se fez em minha vida.
A grande maioria das plantas que contem a cor vermelha, em todas as suas nuances, desde o rosa pálido ate o purpura, contem em sua estrutura de cor um grupo químico chamado antocianinas. A antocianinas sempre vem acompanhadas de outros grupos que também geram cor, e estes grupos são marrons ou amarelos, o que não deixa de ser um marrom bem clarinho, ne ?
Acontece que as antocianinas são extremamente sensíveis ao calor e a luz, se degradando rapidamente aos a temperaturas próximas de 50 graus. Como queremos extrair cor fervendo o material, conseguimos simplesmente destruir o pigmento, e o que sobra são os tons de marrom.
E assim meu sonho de fazer cor com flores se queimou…
Isso inclui não somente flores, mas grãos como feijão, frutas como a amora e a jabuticaba. Você pode até conseguir a cor delas, mas ela não vai durar. Em muito pouco tempo você terá apenas marrom.
Grupos de corante naturais
Foi ai que estudando mais, descobri que temos na verdade apenas 4 grupos de compostos químicos que funcionam.
1- Antraquinóides : são os que geram a cor vermelha, rosa, purpura, tão desejadas e sonhadas. Trata-se de um grupo de carbonos unidos a oxigênio por meio de anéis, mas isso não vem ao caso. Eles podem ser usados não só como corantes, mas também como mordentes e adoram um meio acido para se sentirem realizados. São encontrados em alguns insetos e algumas raízes, o que diminui muito as nossas opções de onde encontrar. Isso inclui a tão famosa cochonilha e a raiz da planta Rubia tintória.
2- Naphtoquinoides : Este grupo contem 2 aneis de carbono com um oxigenio. Geralmente nos fornecem cores marrons, e podem ser usados como mordentes tambem. São a henna e as nozes.
3- Flavonoides : um grupo super grande , que nos traz a maioria dos amarelos. São eles que geram aquelas cores brilhantes nas plantas, e são a mais importante fonte da cor amarela. Há milhares de tipos de flavonoides, mas apenas alguns subtipos são adequados ao tingimento. E eles sempre precisam de mordentes para se fixarem aos tecidos. São eles:
- luteolina
- quercetina
- aspeginina
4- Indigoides : são grupos semelhantes entre si, capazes de gerar cores como o azul, o purpura, e podem ser extraídos de plantas como o Índigo. São insolúveis em agua, então necessitam de um processo de redução em tanques para se transformarem em pigmentos.
E assim começa a grande jornada, descobrir quem é quem dentro destes grupos maiores, para obtermos as tão almejadas cores…
Onde podem ser achadas?
Bom, agora é pesquisar. Sabemos que elas existem, em folhas, flores, frutos, nozes, sementes, raizes, liquens, cogumelos, insetos, moluscos…
A melhor dica que achei foi que : Plantas comestíveis geralmente não tem cor suficiente para poder se obter pigmentos tintórios. Esqueça a beterraba e o espinafre.
A segunda dica foi: geralmente plantas do mesmo gênero tem potencial semelhante para tingir
Terceira dica e a mais importante : procure plantas que contenham gênero tinctoria ou officinale em seu nome. A primeira é obvia, mas a segunda se refere a plantas com potenciais efeitos medicinais…
Quarta dica: Use corantes naturais prontos. Sua vida sera mais fácil e colorida. Quer saber mais ? veja nossos corante naturais aqui.