Rubia Tinctoria- a cor vermelha
Minha fixação pelas cores naturais nunca acaba. Eu tinha que testar a famosa Rubia Tinctoria, ou Lírio dos Tintureiros.
Ai começa a maratona.
Quais os tipos de Rubia ?
Primeiro: Existem alguns tipos de Rubia, sendo as mais comuns a Rubia tinctorum e a Rubia cardifolia. A diferença entre elas é basicamente em alguns compostos químicos.
A Rubia tinctorum é encontrada naturalmente no Sudeste da Europa até Oeste do Himalaia e a Rubia cardifolia na Ásia, onde prevalece o cultivo na Índia e é considerada um corante de qualidade inferior. Ela está disponível em extrato ou em pó.
A parte utilizada da planta é a raiz, rica em antraquinonas, principalmente a alizarina e a purpurina. (Esta ultima forma-se durante o processo de secagem da planta e é considerada um produto indesejável na alizarina extraída da ruiva, pelo que lhe diminui o valor comercial ).
Independentemente de qual Rubia você conseguiu comprar, elas irão precisar se fixar ao tecido através de um mordente metálico, seja ele alúmen ou Ferro. Mas o mais importante para se conseguir uma cor viva e brilhante é o uso de cálcio na agua.
A rúbia gosta de ambiente alcalino e com cálcio, proporcionando diferentes tonalidades em linho, algodão , seda e lã , dependendo do metal adicionado, variando do laranja, rosa, vermelho, lilás, castanho, azul avermelhado com sais de cobre, ao purpura com estanho ( 1) .
Testando a Rubia Tinctoria
Bom sabendo disto, fui atras e consegui comprar no e-bay meu primeiro pacote de Rubia cardifolia. Paguei algo como R$75,00 o pacote de 1 kg, que veio da India ( e claro, ficou uns dois ou três meses parado na alfandega brasileira , foi aberto para verem se continha drogas…enfim… chegou. )
Não acredito que seja da melhor qualidade, mas amei o resultado final.
Vamos tingir ?
Primeiramente : pese seu tecido e depois lave com a técnica de purga ( clique aqui)
O tecido molhado, vamos ao seu mordente básico ( clique aqui). Use o peso que anotou para calcular suas medidas. Outros testes, com ferro ou cobre, você faz se quiser.
Agora vamos preparar o corante: Calcule 100% do peso das fibras para uma cor intensa. O que sobrar depois, você pode transformar em laca.
Em uma panela grande, onde o tecido possa nadar livremente, aqueça a água a 80 graus com o pó da Rúbia tinctoria . (Você pode coloca-la em um saquinho de tecido bem folgado, assim não precisa coar depois ).
Ao aquecer, adicione 1 colher de sopa de carbonato de sódio . O pH deve ser perto ou igual a 9. Mantenha nessa temperatura por pelo menos 1 hora, mexendo sempre. Coe em um tecido de musseline.
Guarde o pó para extrair mais pigmentos em uma próxima fervura. Adicione o tecido já preparado e molhado (deixe na agua por pelo menos 1 hora) . Ferva o tecido no pigmento por 1 hora . Se quiser, deixe o tecido mergulhado de um dia para outro ou até atingir a tonalidade que deseja. (Mexa sempre para não manchar). Enxague e seque na sombra .
Depois de pronto, gostei tanto da cor que resolvi usar em uma das bolsas que estava criando na época. Olha o forro que fiz ! Ficou tão linda que foi vendida 10 min após ser postada !
Ja faz um tempo que fiz esses testes com a Rubia. Depois disso já a utilizei em diversos trabalhos e garanto que as cores ficaram maravilhosas, mesmo sendo uma rúbia “meia boca “. Sou apaixonada por essa raiz espetacular e que merece toda nossa atenção.
fonte 1 : Plantas Tintureiras – Dye Plants texto de Maria Do Carmo Serrano, Ana Carreira Lopes e Ana Isabel Seruya )